O inesquecível "Bar do Bugre" marcou época na memorável Cuiabá antiga
A inauguração foi aleatória, provavelmente num sábado, vinte e nove de junho. A empresa não possuía nome. Todos os amigos e a sociedade compareceram para prestigiar o evento.

O Bar funcionou em frente a Praça Alencastro, no antigo casarão de esquina entre as ruas Pedro Celestino e Getúlio Vargas. Hoje neste mesmo local funciona uma Drogaria
O ano - mil novecentos e vinte. O dia - vinte e nove de junho. O meu pai prestes a completar vinte e seis anos. Instrução primária incompleta vivia de pequenos biscates. Cobrador de Pedro Celestino Correa da Costa, dono de farmácia e de alguns poucos médicos da época. A vida continuava e, boa. Não lhe faltava o essencial. Nas famílias numerosas havia uma perfeita socialização da riqueza. Alguns trabalhavam e outros não; tudo na mais perfeita harmonia. Hábitos tribais do século XIX. Era importante ser e não ter.
A minha avó paterna, filha de uruguaia com militar gaúcho, carioca de nascimento, tinha uma visão metropolitana da vida e preocupações com o futuro. Sabia que aquela situação familiar não podia continuar. Com calma, sabedoria e equilíbrio, acumulava um pacote de filhos - adultos - dependentes. Neste pacote estava o meu pai, o Tinô, o João, o Ioiô e inicialmente o Coca.
Cuiabá estava inaugurando um cinema num galpão ao lado do reformado Cine Teatro Cuiabá. Minha avó que além de mãe, dona de casa, doceira e boleira viu a grande oportunidade de montar para aquele pacote, um bar. A inauguração foi aleatória, acho que num sábado, vinte e nove de junho. A empresa não possuía nome. Todos os amigos e a sociedade compareceram para prestigiar o evento. Os salgadinhos vinham da cozinha da minha avó, auxiliada pelas filhas Julita, Pequenina e Aracy. As bebidas foram compradas no fiado e os refrescos feitos na hora. Sucesso absoluto. No dia seguinte, o primeiro problema. O bar não podia ser aberto, pois todo o seu estoque acabara. Providências foram tomadas e, na hora do cinema, o bar estava funcionando. Os amigos de papai queriam saber o nome da "espelunca". Vários nomes surgiram, até que ficou o do agrado do meu pai: Bar Moderno. Registrado na Junta Comercial como Bar Moderno e proprietário único Olyntho Neves. O nome, porém ficou só no registro da Junta e papai, que tinha o apelido de BUGRE, ganhou sobrenome Bugre do Bar. E Bar Moderno sempre foi o Bar do Bugre.
Catorze anos depois, já na sede própria do casarão da Praça Alencastro, minha mãe atribuiu o êxito do Bar a São Pedro.
A partir daí fazemos anualmente a festa de São Pedro - protetor da nossa família.
por Gabriel Novis Neves, um dos filhos de seo Olyntho Neves

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